Gradus em Psicanálise
- Fórum do Campo Lacaniano de Florianópolis

- 26 de set.
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Atualizado: 1 de out.
O texto a seguir pretende dissertar sobre a formação do analista e a questão atual da graduação de psicanálise em universidades, levando-a à regulamentação pelo estado. O Fórum do campo lacaniano de Florianópolis esteve por meio de seus representantes - Jonathan L. Costa e Rodrigo Gomes Ferreira na plenária do dia 18/09/2025 na câmara dos deputados em Brasília, o que motivou o desenvolvimento deste trabalho.
A Plenária contou com diversos psicanalistas e suas respectivas escolas, bem como, o pró-reitor de uma universidade que oferta a graduação de psicanálise e sua coordenadora professora responsável pela criação do curso. Ainda que a professora diga que não criou o curso sozinha, admitiu que os demais professores não quiseram revelar seus nomes por medo de represália e suposta perseguição por fazerem parte de escolas contrária à criação da graduação, sobretudo, o Fórum do Campo Lacaniano, a revelação dos nomes levariam a serem expulsos das instituições.
Ademais, Freud, não pretendia que a psicanálise viesse a se tornar uma graduação universitária. Também, advertiu das suas distinções com o saber médico. O que também foi debatido na plenária, uma vez que, o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), se posicionou contra a graduação, porém, disse que a psicanálise deveria ser exercida apenas por médicos e/ou psicólogos. Em 1926 Freud, no seu texto “a questão da análise leiga” esclarece que sua teoria e clínica não se limita aos médicos, saindo em defesa de Theodor Reik acusado de charlatanismo por praticar a psicanálise sem ter formação em medicina. Além disso, Freud desconfia do interesse da medicina sobre a psicanálise, podendo levá-la a perder rigor científico e até mesmo ao seu fim. Uma vez que, a formação médica tem por objeto de pesquisa a anatomia, biologia, química, e a psicanálise estaria para o que ele chamou de “psicologia profunda”. Portanto, interessa-se pela cultura, religião, mitologia, literatura entre outros, não se limitando apenas aos saberes médicos.
Dessa forma, médicos e não médicos (leigos) devem passar pela formação em psicanálise, que se dá, pelo tripé analítico - Análise pessoal, estudos teóricos e supervisão de casos clínicos. A análise pessoal é o que há de mais fundamental na formação do analista (grifo meu), é preciso que o analista tenha passado por sua própria experiência com seu inconsciente para que possa se autorizar enquanto ouvinte do inconsciente do outro. A formação teórica e as supervisões clínicas também são de importância inquestionável, a transmissão da psicanálise é feita por teóricos e analistas com percurso respeitado e trabalhos reconhecidos na comunidade científica, as supervisões geralmente são feitas através do núcleo clínico de cada escola de psicanálise e também por analistas independentes com maior experiência clínica.

Atualmente, o movimento psicanalítico se reconhece entre seus pares que estão instalados através de suas escolas pelo Brasil e pelo mundo. No Brasil, por exemplo, temos o movimento articulação das entidades psicanalíticas brasileiras, foi fundado nos anos 2000 e conta com escolas reconhecidas entre si em 24 estados brasileiros, sendo mais de 100 escolas. Entre todas as escolas uma coisa é unânime em compreender a formação do analista - a psicanálise não é regulamentada e um analista não pode se formar por uma graduação universitária.
Deixo por final um trecho da fala de Christian Dunker (AME-EPFCL/Brasil): “quando não se diz os nomes dos professores, supervisores, não são apresentados, isso trai o princípio básico de qualquer ética desde Kant o que pode ser feito, pode ser feito de forma transparente. O que pode ser feito eticamente, pode ser dito para qualquer um, se é preciso esconder as formações, nomes, porque pode gerar críticas, nós estamos diante de uma vacilação moral, isso não pode ser aceito”.
Jonathan Leite da Costa
Membro do Fórum do Campo Lacaniano de Florianópolis




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